SE MEU CRIADO-MUDO FALASSE (I)

É muito difícil pra mim mesmo falar sobre mim mesmo. A modéstia e a timidez falam mais alto e eu apenas cochicho no pé-do- ouvido de Eva Gina dos Prazeres, minha secretária bilíngue – uma língua que vale por duas. Além de competente, ela tem um espírito elevado. É entrar na sala e já levanta meu astral.

Doravante, vosmecês, brasileiros e brasileiras, poderão compartilhar algumas de minhas milhares de aventuras de alcova. Os causo eu conto como os causo foi-se. Os nomes do(a)s personagens serão trocados, a fim de preservar a privacidade do(a)s meus/minhas parceiro(a)s.

A primeira aventura que me vem à etílica memória foi um namorico com Marilyn Monroe (nome fictício). Ela era atriz, dona da fábrica dos palitos Monroe e adorava introduzir artefatos de madeira entre seus rubros e grandes lábios. Nós viajávamos de trem pelos Steites, durante as filmagens de Quanto mais quente melhor. Tony Curtis e sua namorada, Jack Lemmon, estavam no maior love. Eu trabalhava como assessor de imprensa de Marilyn. Foi quando ela me confessou que, apesar de símbolo sexual, nunca tivera um orgasmo. Nem com John Kennedy. Era ele botando na Baía dos Porcos dela, e ela nem nem.

Resolvemos experimentar algo inusitado. Escapulimos de mansinho para a toalete do trem. Só ouvíamos o barulho do solavanco do bicho sobre os trilhos: “tomipica, tomipica, tomipica…”. Eu, sentado na bacia do Wanderley Cardoso e ela, sentada num torno de dar inveja a Lulalá nos tempos de metalúrgico. Marilyn gemia e chorava neste vale de lágrimas. E o eco do comboio fazia o fundo musical: “tomipica, tomipica, tomipica…”.

A certa altura, a loiraça começa a gemer: “ai, ui, ai, ui, ai, ui …” E eu pensava com meu zíper: “Te cuida, Kennedy. Hoje, Marilyn; amanhã, o mundo!” Eis que, de repentelho, a estrela cai. De costas e gemendo: “Ai, Ivanzinho; ui, Ivanzinho”. Eu vibrei, orgulhoso: “Que belo orgasmo!”. Foi quando ela apontou para a perna e
implorou: “Puxa aqui, Ivanzinho, que estou com uma tremenda duma câimbra!”. Fazer o quê?

Na próxima, eu conto mais…