Manoel Bione (mbione@papafigo.com)

(VARADERO – CUBA) – É comum, quando falamos de ir ou vir de Cuba, algum engraçadinho começar a fazer trocadilhos infames com o nome da querida ilha. Tudo começou com aquela marchinha, feita no tempo em que a ingenuidade era maior que a malícia: “O Brasil vai lançar foguete/ Cuba também vai lançar/ Lança, Cuba/ Lança / Quero ver Cuba lançar…”

Mas, deixando essa profunda história de Cuba lançar ou não lançar, eu vou contar pra vocês como se dança o baião na “ilhazinha que ruge para o Grande Irmão do Norte”. Sei que narrativas de viagens são um chute testicular, principalmente se você está visitando um amigo e ele põe um DVD de duas horas sobre suas (dele) “aventuras na Disney World”. Mas segure o saco um pouquinho que serei breve. E olhe que este texto pode ser o primeiro de uma série. Pelo menos aqui você pode pular a página. Na casa do amigo a única opção é pular pela janela.

RECIFE/PANAMÁ/CUBA – Viagem enfadonha pela COPA – Companhia Panamenha de Aviação. Conexão rápida no Panamá. Não deu tempo nem de paquerar algumas ofertas no Free-shopping do aeroporto. Tanto no trajeto Recife/Panamá, como no Panamá/Cuba, a comida foi sofrível. Mesmo assim, nos dão duas opções de cardápio: panqueca de ovo ou simplesmente ovo frito com torradas. Mas já estamos acostumados com os cardápios “cinco estrelas” das nossas Gol, Tam, Azul, etc.

A entrada em solo cubano é burocrática, passamos por três barreiras de imigração. E tome visto, passaporte… Você sendo fotografado digitalmente (nem deu pra conferir se fiquei bem na foto). E tome atestado internacional de vacina, e tome visto e formulário de entrada no país, e tome interrogatório sobre o motivo da viagem… Tudo pedido e repetido nas três barreiras por onde passamos. Tive que ir fazer xixi e temi que o negão na porta do banheiro quisesse conferir as dimensões do meu bilau.

DESTINO VARADERO – Ufa! Finalmente pegamos a Van, que já estava nos esperando, com destino a Varadero, balneário situado no istmo final da ilha. Viagem bem mais longa do que nos informara a agência de viagens. Mais quebrados do que arroz de terceira, desembarcamos no hotel. Apesar do “All Inclusive”, chegamos 10 minutos depois da hora estipulada para confirmar o jantar – tudo aqui é cronometrado. Corremos para o bar da piscina e lá só encontramos hambúrguer gelado e cerveja quente.

Muito pouco para quem havia comido apenas o insípido café-da- manhã do avião. Felizmente, descobrimos que, às 19 horas, ia rolar um self-service num dos restaurantes do resort. Aguentamos mais uma desesperadora hora e meia de fome e disparamos para o tal restaurante. Enchemos a pança de um bufê variado, regado a vinho espanhol de segunda. Feito isto, cambaleamos para o quarto, onde tomamos uma ducha quente. E afundamos na cama feito anjos caídos.

(CONTINUA. Como diria o mano Caetano: “Ou não!”)

Manoel Bione é médico e jornalista