Manoel Bione (mbione@papafigo.com)

 

Muita gente confunde as palavras “psicopatologia” com “psicopatia”. A primeira é um termo genérico que designa o ramo da medicina que tem como objetivo fornecer a referência, a classificação e a explicação para as modificações do modo de vida, do comportamento e da personalidade de um indivíduo. Modificações estas que sedesviam da norma e/ou ocasionam sofrimento e são tidas como expressão de doenças mentais. Já a psicopatia é uma patologia específica, cujo diagnóstico é previsto no Código Internacional das Doenças (CID) sob o número F60.2.

A psicopatia atinge de 3% a 10% da população mundial. O psicopata pode ser seu simpático vizinho, seu irmão e até a pessoa que dorme a seu lado. O nível de sua patologia varia. Desde um chefe tirânico e escalador de poder dentro da empresa até um serial killer que mata pessoas dentro de um cinema ou de um mercado público.

Todos, no entanto, têm algo em comum: a falta de empatia. A empatia tem a ver com o processo de identificação em que o indivíduo se coloca no lugar do outro e, com base em suas próprias suposições ou impressões, tenta compreender o comportamento do próximo.

No plano das neurociências, a psicopatia é entendida como a falta de comunicação entre o córtex cerebral e o hipotálamo. O primeiro se situa na camada mais superficial do cérebro e é também chamado de novo cérebro. Lá se situam os pensamentos lógico e abstrato, a memória, atenção, consciência, linguagem e percepção. No
hipotálamo – também conhecido como cérebro reptiliano – se concentram as emoções, os desejos, os instintos, auxilia na regulação da temperatura corporal, sensação de fome, sede, estresse, comportamento sexual, etc.

PSICOPATIA E POLÍTICA – Neurocientistas britânicos publicaram na revista Week uma relação atualizada das dez profissões onde são mais e menos encontradas pessoas portadoras de psicopatia. Para não tornar este artigo mais enfadonho ainda, vou citar os três primeiros de cada grupo. Compõem o primeiro grupo: CEOs – termo moderno que designa o presidente ou o líder de uma empresa -, advogados e profissionais de mídia. Dentre os dez com menor índice de psicopatia estão os cuidadores, enfermeiros e terapeutas.

Isto posto, vamos à política brasileira. O grosso de nossos parlamentares é composto por empresários e advogados. E são eles que estão empurrando goela abaixo de nossa população reformas que só beneficiam as grandes corporações e os envolvidos em falcatruas, perpetradas na maioria das vezes por eles próprios ou por
seus pares de bancada.

Historicamente, políticos psicopatas se infiltraram na política a fim de saciarem suas tendências patológicas. De Alexandre o Grande, passando por Nero e Calígula, até chegarmos mais recentemente a um Mussolini ou um Hitler. Isto sem falar em Stalin ou Pol Pot, que matou mais de cinco milhões de pessoas no Camboja.

Quando assistimos, passivos, bancadas completas em nosso Congresso, no Executivo e no Judiciário, ávidas por desmontar o país, com reformas que só atendem a interesses de poucos e poderosos grupos econômicos, nos perguntamos onde está a saída. O ano de 2018 se aproxima e esses psicopatas que têm dominado nossa
política vão estar presentes em nossa vida. Com seus sorrisos de manequim, em nossas TVs, em nossas igrejas, em nossas ruas. Protejamo-nos de seus apertos de mãos, de suas palavras de ordens. Eles estarão em cada esquina e em cada sala à espera de nosso voto. A inteligência e o poder de sedução dessa gente fazem parte de sua patologia. Pense duas vezes antes de apertar o botão da urna. Você poderá estar elegendo mais um psicopata para oprimi-lo.