BOA VIAGEM (Via Camburão da Alegria) – Domingo que foi-se, antes das ereções presidenciais, a juventude recifense deu uma lição de moral e cívica à nossa pátria salve, salve, amém Jesus. Tal fato aconteceu entre os jovens que se concentravam na areia, em frente à barraca do Pezão, enquanto seus pais, exaustos por conta de sua luta democrática, consumiam champanhe com croissant na lanchonete da Padaria Boa Viagem.

Eles se confraternizavam, jogando latas de cerveja cheias de xixi uns nos outros, ou dando cantada nas moçoilas que caminhavam no calçadão. Às vezes davam rasteiras e cama-de-gato uns nos outros ou quebravam bandeiras na cabeça de quem passava de vermelho.

Paralelamente, caminhava a já histórica Marcha da Família pela Vida. Do alto do trio elétrico.
Nando Cordel gritou “Fascismo, não!”. Entoou o primeiro verso de “De volta pro aconchego”, e
desceu rápido para o interior do trio, tamanhas foram as vaias e a chuva de areia que jogavam
nele.

A culminância desse espetáculo de cidadania e patriotismo ocorreu quando um grupo de rapazes se aventurou no mar, correndo o risco de serem engolidos por tubarões. Cruzaram os arrecifes, e afundaram o barco do cantor Bubuska Valença. É que em sua vela estava estampada a gravura do Pirata da Montilla e eles confundiram com o rosto do Che Guevara.

Como dizia a marchinha dos saudosos anos 70, “ninguém segura a juventude do Brasil”.