SIBITE NO CABARÉ

Sibite era um senhor de idade meio avantajada que frequentava o Cabaré de Rita, no pátio da feira da cidade. Estou narrando no passado porque Sibite passou-se desta para a melhor. Dizem que foi por excesso do “azulzinho”. Segundo os farmacêuticos, este é o remédio que mais vende, mas que ninguém toma.

Sibite frequentava Rita desde jovem. Tinha até conta corrente. Pagava quando recebia o Bolsa-Família. Ele chegava altaneiro em seu brilhoso garanhão. Amarrava na entrada do puteiro e ia cumprir suas, digamos, obrigações.
Certa sexta-feira à noite, ao deixar o prostíbulo, Sibite descobriu que haviam roubado sua sela, toda bordada a fios prateados, que havia comprado há mais de 20 anos em Cachoeirinha, a autoproclamada “Terra do Couro e do Aço”. Revoltado, Sibite resolveu dar parte na delegacia de Bezerros, aprazível cidade Pernambucana.

– Você devia se dar ao respeito! – Vociferou o recém-empossado delegado. – Desta idade, frequentando zona de ponta de rua!

– Mas, seu delega, eu sou viúvo, e apriceio muito uma muié nova, bonita e carinhosa, feito diza música . Se o senhor visse a morena que eu tou gostando, até o senhor ia se apaixonar, doutor.

– Teje preso, tarado! Vai dormir no xilindró! – berrou o jovem meganha.

– Oxe! Quer dizer que o senhor é um desses franguinhos que andam chamando de trans e estão por toda parte, até na delegacias…

Sibite só não entrou em cana porque uns agentes que estavam morrendo de rir atrás da porta convenceram o delegado a converter a prisão em fiança de trinta e dois reais e 15 centavos, que era o dinheiro que Sibite tinha na carteira.

No dia seguinte à noite, viu-se no pátio da feira de Bezerros o vulto de um jovem, vestido de forma estranha e de peruca, pedindo informações sobre onde ficava um tal de Cabaré de Rita.