O PSICOPATA BATE À SUA PORTA
Manoel Bione

Muita gente confunde as palavras “psicopatologia” com “psicopatia”. A primeira é um termo genérico que designa o ramo da medicina que tem como objetivo fornecer a referência, a classificação e a explicação para as modificações do modo de vida, do comportamento e da personalidade de um indivíduo. Já a psicopatia é uma patologia específica, cujo diagnóstico é previsto no Código Internacional das Doenças (CID) sob o número F60.2.

A psicopatia atinge de 3% a 10% da população mundial. O psicopata pode ser seu simpático vizinho, seu irmão e até a pessoa que dorme a seu lado. O nível de sua patologia varia. Vai desde um chefe tirânico e escalador de poder dentro da empresa até um serial killer que mata pessoas dentro de um cinema, de uma escola ou de um mercado público.

Neurocientistas britânicos publicaram na revista Week uma relação atualizada das dez profissões onde são mais e menos encontradas pessoas portadoras de psicopatia. Para não tornar este artigo mais enfadonho, vou citar as três primeiras de cada grupo. Compõem o primeiro grupo: CEOs – termo moderno que designa o presidente ou o líder de uma empresa -, advogados e profissionais de mídia. Dentre os dez com menor índice de psicopatia estão os cuidadores, enfermeiros e terapeutas.

PSICOPATIA E POLÍTICA – Historicamente, psicopatas se infiltraram na política a fim de saciarem suas tendências patológicas. De Alexandre o Grande, passando por Nero e Calígula, até chegarmos mais recentemente a um Mussolini ou um Hitler. Isto sem falar em Stalin ou Pol Pot, que matou mais de cinco milhões de  essoas no Camboja.

Isto posto, vamos à política brasileira. O grosso de nossos parlamentares é composto por empresários e advogados. Quando assistimos, passivos, a bancadas
completas em nosso Congresso, no Executivo e no Judiciário, ávidas por desmontar o país, com reformas que só atendem a interesses próprios ou de poucos e poderosos grupos econômicos, nos perguntamos onde está a saída.

A cada eleição esses psicopatas vão estar presentes em nossas vidas. Com seus sorrisos de manequim, em nossas TVs, em nossas igrejas, em nossas ruas.
Protejamo-nos de seus apertos de mão e de suas palavras de ordem. Eles estarão em cada esquina e em cada sala à espera de nosso voto. A inteligência e o poder de sedução dessa gente fazem parte de sua patologia. Pense duas vezes antes de apertar o botão da urna. Você poderá estar elegendo mais um psicopata para oprimi-lo.

Manoel Bione é médico psiquiatra e jornalista (papafigo.com)