NOVA JERUSALÉM (Via Crucis) – A grana do jejum do pessoal que faz o espetáculo da Paixão de Cristo está garantida até o ano que vem, tal a frequência do público que lotou o corre-corre da famosa peça.

Além do Bacanal de Herodes, a cena que fez bastante sucesso junto ao público foi a do Muro das Lamentações, uma réplica quase perfeita do muro existente em Jerusalém. Foi tamanha a semelhança que só faltou uma brigada de judeus metendo bala nos palestinos. O tal muro deu tanto Ibope que nos intervalos do espetáculo a multidão corria para lamentar os preços da gasolina, do botijão de gás e da cesta básica. Outros ainda iam lamentar a possibilidade do desinfeliz do Bolsonaro ganhar as próximas eleições e passar mais quatro anos botando no oiti do povo brasileiro.

A maioria dos presentes, no entanto, não aprovou algumas modificações que os organizadores introduziram no espetáculo. Na cena do bacanal, por exemplo, houve a inclusão de cenas em que que os atores começaram a usar vibradores para dar um toque mais moderno à cena, se isso não bastasse exibiu-se no telão cenas de filmes pornôs, como Surubas Cariocas e Meu Jumento, meu Amante. Foi desaprovado também o emprego de expressões chulas. A mais criticada foi a fala de Jota Cristo em relação a Maria Madalena. Quando a santa está prestes a ser apedrejada, o Todo Poderoso grita para a multidão: “Quem não tiver culpa no cartório atire a primeira pedra nessa quenga!”.

Nem toda inovação, porém, foi reprovada pela mundiça. Na cena da crucificação, por exemplo, ao invés de usar a tradicional tanga branca, Jota Cristo exibia uma moderna cueca Zorba azul de bolinhas brancas. Nesse momento, as moçoilas do sexo feminino começaram a gritar frases como: “Gostoso, você é o colírio que o doutor me receitou”; “Ei, de azul, me leva pra Tu!”; ou “Ressuscita no meu quarto, que na minha cama cabe mais um!”. Devido ao estrondoso sucesso, o Todo Poderoso igualou-se a Santos Dumont e deu 14 bis.